ndústria de games abre mão de US$ 3,4 bi ao boicotar Rússia pela guerra

Nos últimos dias, várias empresas de games aderiram ao boicote ao mercado russo para pressionar o país a desistir da guerra. “Ao cortar relações comerciais com a Rússia, a indústria de games abre mão de mercado de US$ 3,4 bilhões”. Essa fala é de SJ Santos, especialista em games, fundador e CEO da Honkytonk Games, uma das muitas empresas brasileiras impactadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Segundo estimativas da IDG Consulting, a receita de jogos de toda a Europa é de US$ 51,5 bi. No caso da Rússia, responde por 6% de todos os gastos com games em todo o continente. Vale lembrar que isso inclui 8% de todo o dinheiro gasto em jogos para celular e 12% de todas as receitas de jogos para PC. A Newzoo informa que a Rússia é o sexto maior mercado da Europa e o 15º maior do mundo. Sony, Microsoft e Nintendo já puxaram as vendas para este país.
Rússia banida dos games
As receitas de jogos na Rússia com a GamesIndustry.biz, conforme a IDG Consulting, geraram cerca de US$ 3,4 bilhões no ano passado. O panorama mudou, no entanto, com a guerra entre Rússia e Ucrânia. O Twitch, por exemplo, comunicou aos streamers russos que eles não receberiam mais pagamentos ou poderiam fazer compras se sua conta estivesse vinculada a um dos bancos russos afetados pelas sanções. Da mesma forma, restrições às instituições financeiras podem ser um fator pelo qual a Nintendo suspendeu os pagamentos em rublos russos e colocou o Switch eShop em modo de manutenção para a região.
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A empresa polonesa CD Projekt, conhecida pela série “The Witcher” e pelo jogo “Cyberpunk 2077”, anunciou em 3 de março a suspensão da venda de seus jogos de forma física e virtual na Rússia e em Belarus, que apoia a invasão à Ucrânia. O bloqueio se estende também a todos os títulos da loja virtual do grupo. O estúdio ucraniano GSC Game World (um dos principais da Ucrânia e responsável pelo desenvolvimento da série de videogame Stalker, da Microsoft) publicou em 24 de março um comunicado oficial dizendo que a Ucrânia lutará para se defender e que, mesmo com um futuro incerto, esperam pelo melhor.
Corte de pagamentos aos streamers russos
Em 21 de março, a Epic Games anunciou no Twitter que todos os lucros das vendas do Fortnite até 3 de abril serão doados para ajuda humanitária para pessoas afetadas pela guerra na Ucrânia. Após o anúncio, o Xbox disse no Twitter que se juntaria à Epic e também doaria os lucros das vendas do Fortnite para ações sociais e pelo mesmo período. O Twitch informou aos streamers russos que eles não receberiam pagamentos ou poderiam fazer compras se sua conta estivesse vinculada a um dos bancos russos afetados pelas sanções.
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Microsoft, Take-Two Interactive, Ubisoft, Electronic Arts, Activision Blizzard, Epic Games, CD Projekt e Bloober Team, Supercell e CI Games tomaram uma posição ativa em relação à guerra. Por outro lado, outras empresas também estão cumprindo as sanções econômicas impostas pela UE, EUA e outras nações.
Rússia impacta o mundo todo
O panorama da guerra interrompeu os planos de investimento de empresas como a de SJ Santos, que atua com eSports e criptomoedas de games pela HonkyTonk. “Todos os planos de investimento que tínhamos para 2022 foram por água abaixo. Os sistemas estão instáveis, não se consegue fazer pagamento para a Rússia”, diz o CEO, que até então mantinha um importante cliente na Rússia.
“O jogador russo está sem poder comprar os itens e jogar; a empresa não dá mais suporte para ele; os sistemas estão instáveis e o país, a indústria de games vai deixar de ganhar dinheiro dentro da Rússia. Empresas russas que produzem jogos deixam de acessar. Além disso, os jogos internacionais deixam de faturar, jogadores brasileiros e quem produz jogo lá deixam de ganhar dinheiro. O impacto é grande e afeta empresas no mundo todo”, avalia.